Upgrade Kegerator - cerveja artesanal

Mais um dia na DIY beer land. Tive que fazer umas adaptações no meu kegerator para caber o novo tanque de 40 litros. Pois é, agora fica assim.


Cabem 2 tanques de 20 litros cada um, e mais um de 40 litros. Mantenho a possibilidade de 3 cervejas diferentes, sendo que uma delas vai demorar mais para acabar. Como o tanque de 40 litros é bem grande, tive que "ralar" um pouco para poder fazer tudo caber direitinho dentro da geladeira. O problema eram as prateleiras da porta da geladeira que impediam que ela se fechasse. Não teve jeito, tive que cortar as prateleiras. O serviço não é o mais bonito, mas deu tudo certo no final.
Primeiro cortei o plástico com a minha tico-tico, e depois preenchi os buracos com uma daquelas espumas de preenchimento e isolamento térmico (esse negócio é super grudento antes de secar). Depois de seco, cortei os excessos e cobri com silver tape. Como disse, não é o serviço mais bonito de todos, mas é bastante eficiente.





Sanitização de equipamentos - cerveja artesanal

Todos nós, cervejeiros, sabemos (ou deveriamos saber) da importância da sanitização dos equipamentos. Qualquer coisa que entre em contato com o mosto resfriado deve, OBRIGATORIAMENTE, estar sanitizado. Isso inclui o balde fermentador, airlock, mangueiras plásticas, colheres... Afinal de contas, ninguém gostaria de perder uma produção por conta de contaminação causada por falta de práticas adequadas de sanitização. A limpeza deve ser uma das maiores preocupações do cervejeiro. Fornecer boas condições para que o levedo se propague no mosto também cria condições boas de crescimento para outros microorganismos, especialmente leveduras “selvagens” e bactérias. Por isso a limpeza deve ser uma preocupação durante todas as etapas do processo de fabricação.

O objetivo da sanitizacao é reduzir a quantidade de bactérias, e outros contaminantes, a níveis insignificantes. Existem diversas formas de sanitizar o seu equipamento, e essa é uma decisão que cabe ao cervejeiro. Os mais comuns são:

Cloro: A utilização de cloro é um dos métodos de sanitização mais versáteis disponíveis para o cervejeiro iniciante. Quando dissolvido em água fria, ele forma uma solução cáustica que é boa em acabar com depósitos de matéria orgânica. A solução de cloro tem um poder bactericida e de limpeza excelentes, mas pode ser corrosiva para alguns tipos de metal comuns nos equipamentos cervejeiros, podendo causar escurecimento e corrosão excessiva do material.

Ácido Peracético: O ácido peracético é uma excelente alternativa para utilização no processo de sanitização. É um dos produtos utilizados na indústria alimentícia para a sanitização de hortaliças e equipamentos que trabalham com laticínios. Pode ser comprado pela internet em lojas especializadas em produtos para cervejeiros caseiros.

Calor: O calor é um dos poucos meios que o cervejeiro tem para efetivamente esterelizar alguns equipamentos. Quando microorganismos são aquecidos a temperaturas altas e por algum tempo, o calor os mata. Você pode utilizar este método para esterelizar pequenos materiais como: colheres, airlocks, vasilhas....

Lembre-se que, em maioria, os sanitizantes exigem um enxágüe após o uso, dependendo da concentração da solução preparada. Tenha sempre em mãos uma chaleira com água fervida para fazer este tipo de enxágüe.

Quando eu comecei a fazer cerveja, inicialmente optei pelo cloro, devido à facilidade em encontrar o produto. Apesar de ser eficiente, ele exige um enxágüe cuidadoso após a sua utilização, o que adiciona um trabalho extra no processo todo. Na época ainda era difícil encontrar outros produtos para sanitização, até que descobri o ácido peracético. Foram alguns anos usando o PAC 200 (velho conhecido de muitos de vocês).
Com o ácido peracético, dependendo da concentração, não é necessário o enxague; mas embora seja possível trabalhar com uma concentração baixa, a medição da quantidade do produto não é muito precisa (pelo menos para mim), e eu acabava utilizando uma concentração maior do que a necessária e tive que manter a prática de enxaguar tudo com água fervida do mesmo jeito que fazia com o cloro.
Posso dizer com orgulho que nunca tive problema com contaminação, mas também digo que a sanitização seguida de enxágüe é um processo que consome muito tempo. Bom, há algumas semanas eu fiz uma compra de alguns equipamentos na chicompany, entre eles um frasco de 1 litro de sanitizante, e hoje chegou a primeira parte da minha encomenda.


Resolvi experimentar o Star San, um sanitizante muito utilizado lá na "gringa" e que não necessita de enxague. Depois eu conto para vocês o que achei do produto, mas espero que ele facilite bastante o meu trabalho, e que continue mantendo minhas levas livres de contaminação.

Saudações cervejeiras
Rodrigo Baquero

Como montar um tanque de brassagem (MashTun) utilizando um cooler - cerveja artesanal

Você já perguntou para um mineiro como é que se faz pão-de-queijo? Pois é, vai sair uma receita e um método para cada pergunta. Com a fabricação de cerveja acontece algo parecido. Existem diversos métodos e técnicas para um mesmo fim. O que eu quero mostrar aqui é apenas mais uma forma que, na minha opinião, facilita o trabalho da brassagem.
Para os que estão entrando agora no mundo da fabricação caseira de cerveja, a escolha e montagem do equipamento é uma etapa que requer uma série de escolhas iniciais. As "cozinhas" de brassagem que se encontram pela internet, muitas vezes não atendem às necessidades do iniciante, ou pressupõe um método de fabricação que, na minha opinião, é muito trabalhoso. Confesso que, se soubesse um pouco mais quando comprei o meu kit de fabricação, teria montado meu próprio equipamento gastando muito menos e terminando com algo muito mais eficiente. Este post é sobre a montagem de um tanque de brassagem (mashtun) utilizando um cooler desses comuns usados para gelar bebidas.

Só para lembrar aos iniciantes como funciona o processo de fabricação:
1 – Cevada maltada é mergulhada em água quente para criar açúcares fermentáveis. Isso depende de manter essa mistura em uma faixa específica de temperatura durante, tipicamente, uma hora.
2 – A solução de açúcar do malte é fervida juntamente com o lúpulo para adicionar o “tempero” da cerveja.
3 – A solução é resfriada e o levedo é adicionado dando início à fermentação.
4 – O levedo fermenta os açúcares, liberando dióxido de carbono (CO2) e álcool etílico.
5 – Quando a fermentação está completa, a cerveja é engarrafada com um pouco de açúcar para propiciar a carbonatação (ou é envazada em tanques de aço inox onde a carbonatação é forçada).

Vamos nos ater à primeira parte da fabricação: A mistura da água com os grãos e a manutenção da temperatura. Esse processo é essencial para que o amido presente no grão possa ser convertido em açúcares fermentáveis. Uma brassagem simples, e eficiente para produzir inúmeros tipos de cerveja, ocorre na faixa de temperatura entre 62-67°C. O objetivo é manter a temperatura o mais constante possível durante o período de conversão, que dura entre uma e uma hora e meia. Uma das alternativas (comuns, mas trabalhosas), é colocar a mistura em uma panela grande e manter o fogo baixo, mexendo continuamente durante todo o período da brassagem. Acho que é daí que vem o nome "brassagem", afinal de contas; haja braço pra esse trabalho todo!! Isso é necessário para evitar que o fundo da panela queime, caramelizando o malte, ou que a mistura tenha temperaturas diferentes em pontos diferentes da panela, gerando uma conversão desigual.
Bom, pensa comigo, se o objetivo é manter a temperatura constante, o ideal é utilizar um recipiente que tenha uma boa eficiência térmica em termos de manutenção de temperatura, o que não é o caso de uma panela de alumínio. Qual é o recipiente que você conhece capaz de manter temperaturas de maneira extremamente estáveis e que é encontrado em todo lugar? Pois é, o nosso velho conhecido cooler de cerveja. Acho até que existe um certo tipo de justiça poética nesse método. O tradicional mantenedor da cerveja gelada muda sua função e serve para manter quente a mistura que dará origem à cerveja. É o yin-yang dos equipamentos!!! Mas deixemos de divagações e vamos voltar para a fabricação.
Acho que você já entendeu, o objetivo é transformar o cooler no seu tanque de brassagem. A única modificação que deve ser feita é a montagem de um sistema de filtragem para adaptar no cooler.

A foto abaixo mostra a brassagem de uma Red Ale feita no cooler; ou melhor, no tanque de brassagem.




Para a transformação, primeiramente devemos fazer um furo na lateral do cooler (alguns modelos já vem com um furo que funciona como dreno do próprio cooler). Você pode aproveitar o furo, e pensar em alguma maneira de encaixar o sistema de filtragem. O meu cooler é um de 25 litros da rubbermaid, e eu tive que fazer o furo utilizando um daqueles acessórios para furadeira que fazem exatamente isso: furos. Eu usei o meu por cerca de 4 anos, e eventualmente ainda faço cerveja nele. Se fosse montar um novo cooler hoje, talvez comprasse outro um pouco maior, mas ele serve muito bem para fazer levas de 20 litros com uma ou, no máximo, duas rampas de temperatura. Se desejar fazer mais rampas, terá que recorrer ao método da decocção, mas isso é assunto para outro post.

Aí está o furo. Lembre-se: sempre faça suas medidas e marcações duas vezes, e fure uma só. Se errar no furo, corre o risco de perder o cooler.




O objetivo é adaptar uma torneira ligada a algum tipo de elemento filtrante. Se pesquisar na internet, verá várias sugestões diferentes com instruções de como construir. O que eu fiz foi comprar um "rabicho" de torneira, e usar a tela de inox do rabicho como filtro, conectado a uma torneira. Você terá que passear em algumas lojas de ferragens para encontrar as conexões que deseja. A torneira que usei é utilizada em conexões de gás, mas você pode usar qualquer torneira que quiser. Essa tem a vantagem de facilitar o encaixe de mangueiras sem a necessidade do espigão de rosca das torneiras de jardim. As conexões são de pvc de 1/2 encontradas em qualquer loja material de construção.





É isso aí, esse tipo de adaptação não é nenhuma engenharia espacial, e cada um monta do jeito que consegue com o material que tem disponível. É um trabalho de poucas horas que te rende muitas horas livres ao longo das brassagens que você fará. Bote o seu lado inventor para trabalhar e boas brassagens.

Vale ressaltar as vantagens e desvantagens do método:
As vantagens são claras; menos trabalho na hora da brassagem; manutenção da mesma temperatura em todos os pontos da mistura; economia de gás; facilidade para os que tem pouco espaço; facilidade no sparge.

Posso dizer que uma das poucas desvantagens desse método é a limitação das rampas de brassagem. Essa limitação se dá em função da quantidade de água quente que você precisa adicionar à mistura para subir a temperatura entre rampas, mas isso depende de variáveis como: tamanho do cooler e volume e temperatura da água adicionada. Mas vamos combinar o seguinte, duas rampas de temperatura e a possibilidade de decocção são mais do que suficientes para fabricação da grande maioria de estilos de cerveja.

Saudações cervejeiras
Rodrigo Baquero

Moedores de grãos; a busca da moagem ideal - cerveja artesanal

Um dos primeiros desafios que os cervejeiros iniciantes enfrentam no dia da brassagem é a moagem dos grãos. Apesar de ser uma tarefa simples (e muitas vezes cansativa), quando feita de maneira adequada pode adicionar alguns pontos de gravidade no seu mosto. Atualmente já é possível comprar o malte pilsen moido, mas lembre-se de que, após a moagem, ele deve ser utilizado o quanto antes, pois começa a absorver umidade do ambiente, podendo alterar as suas características originais. Bom, a solução é moer você mesmo o seu malte, afinal de contas o suor é parte da criação caseira.
De que forma a moagem pode influenciar na sua extração? Se o grão é moído de maneira grosseira, isso significa que você terá que gastar um tempo maior para que a conversão do amido em açucares fermentáveis ocorra; e necessitará de um sparge mais longo e cuidadoso para que você possa retirar uma quantidade razoável de açúcares dos grãos. Por outro lado, uma moagem muito fina pode produzir entupimento no seu sistema de filtragem e, pode acabar com as cascas, aumentando a chance de extração de taninos e prejudicando a formação do filtro natural que elas formam.
Resumindo: existe uma relação entre o tamanho das partículas do malte moído e a eficiência da extração dos açúcares. Partículas pequenas são mais rapidamente convertidas, entretanto, se todos os grãos forem finamente moídos, isso formaria uma espécie de “mingau” difícil de ser “lavado”. Partículas maiores, permitem uma lavagem mais fácil, porém comprometem a extração dos açúcares. Uma boa moagem possui um equilíbrio entre os tamanhos dos grãos e a preservação das cascas, pois elas são essenciais para uma filtragem e circulação do mosto. A foto é um exemplo de uma boa moagem.


Vamos aos equipamentos.
O moedor básico que você encontra em algumas lojas de ferragens ou de produtos agrícolas é do tipo manual utilizado para moer milho e outros tipos de grãos.



No momento da moagem, deve-se atentar para a regulagem dos discos. Antes de moer tudo de uma vez, verifique como os grãos estão saindo. Assim que a regulagem estiver correta, pode mandar ver na manivela, e prepare o braço, pois uma receita típica costuma levar entre 4 e 6 quilos de malte. Uma alternativa que muitos adotam, é substituir a manivela do moedor por uma furadeira. Eu cheguei a fazer isso algumas vezes, até que a minha furadeira queimou!! O atrito gerado nesse tipo de moedor é grande, e pode sobrecarregar a furadeira, gerando superaquecimento e queima. Fique de olho na temperatura da sua furadeira e em cheiro de queimado. Eu ignorei os sinais e deu no que deu. Tudo é uma questão de descobrir o que funciona para você.

Uma outra solução bastante interessante é a utilização dos moinhos de rolo. Se conseguir botar as mãos em um desses seu trabalho com a moagem praticamente desaparece. Eu comprei o meu há cerca de um ano e meio, e não sei mais o que é sofrimento com a moagem. Deu um trabalhinho para adaptar o moedor em uma estrutura de madeira, mas agora é só alegria. Esses moedores são vendidos sem a base e o recipiente de grãos. Você pode comprar esses acessórios, mas trazer isso em uma mala não é tarefa simples. É preferível você mesmo construir a sua própria base. Você encontra diversos exemplos de bases para moedor na internet. Faça a pesquisa google por imagens de "homebrewing mill hopper" que você vai encontrar um monte de fotos e dicas. Se não tiver as habilidades necessárias para construir o seu, peça para um marceneiro que ele monta isso pra você com o pé nas costas. Como eu sou mais teimoso do que hábil, encarei a tarefa de fazer eu mesmo, e aí está o resultado. O recipiente de grãos é uma garrafa de água (10 litros) que fica encaixada em um buraco na madeira, que está sobre os rolos do moinho. Bom, não tem mais o que explicar, é encaixar a furadeira (a nova), e mandar brasa!! Não faz diferença se são 4, 5, 10 quilos de malte; o serviço é feito sem o menor esforço, e com excelente qualidade.
É tão fácil que acho que vou abrir um negócio de moagem expressa. Você traz o seu malte e eu faço a moagem para você. O pagamento? Uma garrafa da sua produção, é claro!!!




Saudações cervejeiras
Rodrigo Baquero

Detalhes do Sistema HERMS - cerveja artesanal

Aí vão algumas fotos dos detalhes do sistema HERMS.




Termômetros Analógicos: Esses termômetros são de uma empresa australiana chamada MashMaster. A escolha pelo equipamento Australiano foi em função do sistema métrico deles. Os termômetros americanos vem com escala em fahrenheit, enquanto os da "land down under" vem em graus celsius. Os termômetros são próprios para cerveja, e vem com todas as indicações de que tipo de processo ocorre naquela faixa de temperatura. Tudo fica bem didático na hora de acompanhar a brassagem.





Caixa de controle: Esse é a "central de controle" do sistema. Uma chave geral, uma chave para ligar a resistência elétrica e o controlador de temperatura, e dois botões, um para cada bomba.
O controlador de temperatura é um Tic17-rgti; velho conhecido dos cervejeiros. Ele controla a temperatura da água do HLT (hot liquor tank - tanque de água quente). É ele o responsável por ligar e desligar a resistência elétrica que aquece a água. Basta indicar a temperatura e esperar esquentar. Leva em torno de 40 min para elevar a temperatura de 20 para 70 graus. Quando vou fazer cerveja, coloco a água, programo a temperatura e vou cuidar de outras coisas. É bem prático.




A resistência é do tipo tubular de imersão, com rosca NPT de 1 polegada (recomendo um diâmetro maior), e haste de 1/4 X 350MM - 3000W - 220v - Haste e rosca em aço inox. Na verdade não precisa ser de aço-inox, pois vai aquecer apenas água.



Bombas: As bombas são da marca Little Giant 3-MD-MT-HC 1/25 HP, 500 GPH Magnetic
Drive Pump. Elas foram importadas, e são próprias para circulação de líquidos em alta temperatura. Também são utilizadas para circulação de produtos químicos. Na época, fiquei muito tempo decidindo quais bombas comprar e fiquei entre as March Pump e a Little Giant. A escolha foi em função de alguns relatos sobre o fato das march pump's serem muito barulhentas e queimarem se não se fizesse o "priming" correto delas. As little giant são bem silenciosas e podem funcionar várias horas sem líquido sem o risco de queimar. Pelo menos é o que o fabricante diz, e até hoje não tive
problema com elas.


Chiller: O resfriador de placas é um Therminator da Blichman Engineering. O negócio é simplesmente fantástico. O mosto entra na temperatura de fervura e sai do outro lado na temperatura ideal, aproximadamente 21 ou 22 graus celcius. O melhor de tudo é a economia de água que você faz. Quando eu usava a serpentina de cobre, tinha que ficar um tempão até resfriar o mosto. Agora, o resfriamento depende apenas da vazão da torneira do meu tanque de fervura. Quem puder investir em um resfriador de placas, eu
recomendo. Antes de usar eu coloco ele na minha panela de fervura, cubro com água e deixo ferver por uns 15 minutos. Depois de usar eu passo àgua limpa pelo lado que circula o mosto e deixo secar.



Engates rápidos: Os engates são de latão cromado e facilitam muito a operação do sistema. Os engates "macho" estão rosqueados nos tanques, e as "fêmeas" estão nas mangueiras, que são de silicone para altas temperaturas. Ainda preciso melhorar essas mangueiras, elas são muito moles, e sofrem o efeito da pressão gerada pela bomba.


HLT (tanque de água quente): Aí dentro você vê a serpentina de cobre por onde o mosto circula para manter a temperatura. Abaixo dá para ver a resistência elétrica.


MashTun (tanque de brassagem): Dá para ver o fundo falso (comprei pelo e-bay). O mosto é puxado por baixo do fundo falso, passa pela serpentina e retorna sobre a "cama" de grãos.

Ambos os tanques estão revestidos com um isolante térmico daqueles usados embaixo de sacos de dormir. No fundo dos tanques eu coloquei uma camada grossa de isopor. Essa combinação deixa os tanques muito eficientes do ponto de vista da manutenção térmica.


O tanque de fervura tem um "rabicho" de tubo de cobre para regular quanto do mosto vai ficar no fundo. Isso é muito útil depois de fazer o whirlpool. Grande parte da "bagaçeira" fica para trás.




Quando fui montar a estrutura de suporte do sistema todo, resolvi aproveitar pedaços de madeira que tinham sobrado de uma reforma. O problema era como colocar o fogareiro em uma estrutura de madeira. Aí está a solução. Fiz uma "plataforma" elevada com uma régua de pedreiro. Isso evita o contato direto da panela com a madeira, e o alumínio da régua dissipa bem o calor. Só tive que colocar alguma coisa para proteger o isolamento do tanque que fica ao lado. Aproveitei um pedaço de granito que sobrou de uma bancada.

Bom, qualquer sistema precisa de ajustes, mas no geral estou bastante satisfeito com as facilidades que ele trouxe para os dias de brassagem. Costumo deixar tudo pronto um dia antes, e gasto umas 4 horas na brassagem toda, sendo que tenho muito tempo livre para mexer em outras coisas.

Projeto HERMS - cerveja artesanal

Fiz um grande upgrade na minha cervejaria. Montei um sistema HERMS, e levei cerca de um ano na busca de peças e montagem do equipamento todo. A sigla HERMS significa "heat exchage recirculation mash system", ou Sistema de troca de calor por recirculação do mosto. A proposta é circular constantemente o mosto por uma serpentina de cobre imersa em um reservatório de água quente e ter controle total da temperatura durante a brassagem. Como o aquecimento é feito por troca térmica, é um sistema que permite um certo nível de automatização. Esse é o propósito. Automatizar e aumentar a capacidade de produção.


Os kegs (barris de 50 litros)

Gastei muito tempo procurando barris de 50 litros para começar a transformação dos mesmos em grandes panelas. A razão para a escolha de barris é simples. São extremamente resistentes (vão durar uma vida toda) e são feitos de Aço inox. Imagine conseguir uma panela de 50 litros feita com esse material. Pois é. Em primeiro lugar, é quase impossível você encontrar uma (pelo menos aqui no Brasil), e se você der sorte de achar, o preço será algo um tanto quanto proibitivo (É muuuuuiiito caro mesmo). Então, um barril é uma solução excelente para esse tipo de projeto. Basta cortar a abertura e pronto, você tem uma panelona que agüenta um calor from hell.

Nao pense que é fácil encontrar esses barris. O preço dos novos também é proibitivo, e a indústria também não facilita a coisa. Cheguei a ir até uma fábrica de cerveja aqui em Brasília e os vendedores me disseram o seguinte: “Olha, é quase impossível você conseguir um barril desses.” Agradeci e fui embora com a certeza de que desistir não era uma opção. Essa é a vantagem de um hobby, ele ocupa sua cabeça na busca de soluções para os problemas mais estranhos. Quantos de vocês passam uma semana pensando em como conseguir barris de 50l para transformar em panelas? Entende o que eu digo?
Bom, apelei para o “mercado negro”. Conheci um cara de uma pequena distribuidora de chopp de uma pequena cervejaria da região. Esse cara conhecia um cara que conhecia um cara que podia me arrumar os barris. A conversa era quase como se eu estivesse comprando drogas. “E aí, ele consegue mesmo os três? E quanto vai ficar? ....Entendi. E de onde vem esses barris? (Ele olha para os lados) Ele consegue lá com um cara que trabalha em um lugar que....
Bom, resumindo. Ele conseguiu os barris para mim. Me pediu R$120,00 por cada um. Foi isso que paguei.
Cortei o primeiro barril. Cara, deu trabalho!!! Primeiro tive que construir uma.... uma coisa para segurar a minha lixadeira no lugar. Fazer um corte circular sem algo do tipo é impossível. Depois de tirar o “tampo”, foi hora de lixar a borda para que ficasse livre de partes cortantes. Aí está o resultado.



Só lembrando que antes de cortar o barril, você deve tirar toda a pressão dele. Faça isso com uma chave de fenda. Como eu não tenho uma chave para desmontar o barril, cortei assim mesmo, sem desmontar. Não tive problemas. Apenas não esqueça de tirar a pressão antes de cortar. Também não esqueça de usar equipamento de proteção (óculos e protetores auriculares), pois o corte produz muita limalha voando pra todo lado, e o barulho é enlouquecedor.

Tubo de cobre.
Passei em uma loja que vende equipamentos de refrigeração para procurar o tubo de cobre para fazer o trocador de calor instalado dentro do HLT (hot liquor tank – tanque de água quente). O mosto vai passar por dentro do tubo que está imerso em água quente, fazendo com que se tenha um controle sobre a temperatura que se deseja manter o mosto. Com isso é fácil fazer as rampas de temperatura, além de clarear o mosto, uma vez que ele ficará circulando constantemente entre o “filtro” natural formado pelos grãos e a serpentina de cobre. Seguem as fotos abaixo.
Comprei 1,8 Kg de um tubo de cobre flexível de ½”, 5 porcas para tubo de cobre de ½” e 1 flangeador para fazer o flange de encaixe no tubo.


Bom, depois eu coloco mais fotos dos detalhes do equipamento.

Projeto Kegerator - cerveja artesanal

O sonho de qualquer cervejeiro
Deu um trabalho danado, mas foi uma das melhores coisas que eu fiz. A geladeira é uma antiga brastemp que ia para o lixo. Foi lixada, e pintada com carinho.
As torneiras eu comprei pela internet na northern brewer (quando ainda faziam entrega internacional). Os post-mix foram comprados na chicompany. Fechei um lote de quatro usados e saiu mais barato do que comprar um por aqui.
Construi uma base de madeira para sustentar os tanques e o cilindro de CO2. O buraco que você vê ao lado do balde é para encaixar o cilindro de CO2. No canto esquerdo dá para ver uma garrafinha com água com a sonda do termostato inserida nela. Assim a variação de temperatura é menor quando a geladeira é aberta. Instalei o termostato (Tic17) na parte de cima da geladeira. Para isso construi uma "cinta" de madeira que pintei com a mesma tinta da geladeira. O acabamento ficou ótimo.
O detalhe é o escocês cervejeiro.
Os tap-handles também foram fabricação própria. Mandei um marceneiro cortar e talhar a madeira com base em um modelo e montei o resto. O acabamento de cima é um puxador de gaveta bem pequeno, e o encaixe de metal que conecta o tap-handle à torneira é um separador de vidro (uma peça que se usa em mesas com tampo de vidro). Ficou profissional!!!! Dá só uma olhada.
É isso aí. Se você estava pensando se iria ou não investir em um Kegerator, não pense duas vezes. Dá trabalho construir, mas é um dos melhores investimentos para quem pretende levar o hobby de fabricação de cerveja a sério.