Projeto HERMS - cerveja artesanal

Fiz um grande upgrade na minha cervejaria. Montei um sistema HERMS, e levei cerca de um ano na busca de peças e montagem do equipamento todo. A sigla HERMS significa "heat exchage recirculation mash system", ou Sistema de troca de calor por recirculação do mosto. A proposta é circular constantemente o mosto por uma serpentina de cobre imersa em um reservatório de água quente e ter controle total da temperatura durante a brassagem. Como o aquecimento é feito por troca térmica, é um sistema que permite um certo nível de automatização. Esse é o propósito. Automatizar e aumentar a capacidade de produção.


Os kegs (barris de 50 litros)

Gastei muito tempo procurando barris de 50 litros para começar a transformação dos mesmos em grandes panelas. A razão para a escolha de barris é simples. São extremamente resistentes (vão durar uma vida toda) e são feitos de Aço inox. Imagine conseguir uma panela de 50 litros feita com esse material. Pois é. Em primeiro lugar, é quase impossível você encontrar uma (pelo menos aqui no Brasil), e se você der sorte de achar, o preço será algo um tanto quanto proibitivo (É muuuuuiiito caro mesmo). Então, um barril é uma solução excelente para esse tipo de projeto. Basta cortar a abertura e pronto, você tem uma panelona que agüenta um calor from hell.

Nao pense que é fácil encontrar esses barris. O preço dos novos também é proibitivo, e a indústria também não facilita a coisa. Cheguei a ir até uma fábrica de cerveja aqui em Brasília e os vendedores me disseram o seguinte: “Olha, é quase impossível você conseguir um barril desses.” Agradeci e fui embora com a certeza de que desistir não era uma opção. Essa é a vantagem de um hobby, ele ocupa sua cabeça na busca de soluções para os problemas mais estranhos. Quantos de vocês passam uma semana pensando em como conseguir barris de 50l para transformar em panelas? Entende o que eu digo?
Bom, apelei para o “mercado negro”. Conheci um cara de uma pequena distribuidora de chopp de uma pequena cervejaria da região. Esse cara conhecia um cara que conhecia um cara que podia me arrumar os barris. A conversa era quase como se eu estivesse comprando drogas. “E aí, ele consegue mesmo os três? E quanto vai ficar? ....Entendi. E de onde vem esses barris? (Ele olha para os lados) Ele consegue lá com um cara que trabalha em um lugar que....
Bom, resumindo. Ele conseguiu os barris para mim. Me pediu R$120,00 por cada um. Foi isso que paguei.
Cortei o primeiro barril. Cara, deu trabalho!!! Primeiro tive que construir uma.... uma coisa para segurar a minha lixadeira no lugar. Fazer um corte circular sem algo do tipo é impossível. Depois de tirar o “tampo”, foi hora de lixar a borda para que ficasse livre de partes cortantes. Aí está o resultado.



Só lembrando que antes de cortar o barril, você deve tirar toda a pressão dele. Faça isso com uma chave de fenda. Como eu não tenho uma chave para desmontar o barril, cortei assim mesmo, sem desmontar. Não tive problemas. Apenas não esqueça de tirar a pressão antes de cortar. Também não esqueça de usar equipamento de proteção (óculos e protetores auriculares), pois o corte produz muita limalha voando pra todo lado, e o barulho é enlouquecedor.

Tubo de cobre.
Passei em uma loja que vende equipamentos de refrigeração para procurar o tubo de cobre para fazer o trocador de calor instalado dentro do HLT (hot liquor tank – tanque de água quente). O mosto vai passar por dentro do tubo que está imerso em água quente, fazendo com que se tenha um controle sobre a temperatura que se deseja manter o mosto. Com isso é fácil fazer as rampas de temperatura, além de clarear o mosto, uma vez que ele ficará circulando constantemente entre o “filtro” natural formado pelos grãos e a serpentina de cobre. Seguem as fotos abaixo.
Comprei 1,8 Kg de um tubo de cobre flexível de ½”, 5 porcas para tubo de cobre de ½” e 1 flangeador para fazer o flange de encaixe no tubo.


Bom, depois eu coloco mais fotos dos detalhes do equipamento.

18 comentários:

  1. Cara, incrível seu equipamento!! Eu e um amigo estamos com planos de comprar um kit iniciante e começar a nossa produção para quem sabe um dia, futuramente, montar algo semelhante ao seu sistema. Montar o sistema não será pra nós, pois ele é técnico mecânico e eu sou torneiro (a parte de cortar a tampa eu faço em minutos!). A questão inicial é saber quanto vamos gastar, viabilidade de equipamentos e insumos, etc... Em minhas pesquisas já decidi várias coisas (seu blog foi uma ajuda enoooorme!), porém, ainda não tenho a menor ideia de onde conseguir os maltes, lúpulos, fermentos e etc para tal coisa. Só encontro kits prontos , que são mais caros e já vem com receita pré definida. Seria possível vc me dar uma luz quanto a isso? Desde já eu fico muito grato!

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  2. corrigindo: a parte de montar o equipamento não será problema pra nós.
    Não revi o texto e acabei "comendo" palavra! hehehe

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    1. Gilberto, obrigado pelo comentário. Confesso que tudo que eu queria, enquanto estava montando meu equipamento, era ser amigo de um torneiro e de um técnico mecânico. Tive muito trabalho que poderia ter sido evitado com a ferramenta certa e com um pouco mais de conhecimento. Ralei muito, mas a recompensa é deliciosa. Boa sorte no seu projeto!!
      Quanto aos insumos, eu costumo comprar pela internet em sites próprios para cervejeiros caseiros. Te recomendo pesquisar o preço entre as lojas virtuais, principalmente para ver o preço do frete.
      Aí vai o endereço de 2 lojas que eu costumo comprar.
      http://www.weconsultoria.com.br/index.php
      http://cervejacas.lojatemporaria.com/

      Abraço
      Rodrigo

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    2. Como faço para conseguir os barris

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  3. Olá Rodrigo,

    Tira uma dúvida por gentileza, na panela de HLT você tem 6 furos, sendo: 1 - Entrada da serpentina, 2 - Saída da serpentina, 3 - termômetro, 4 - Saída inferior da panela com torneira, 5 - resistência e 6 entrada superior. A pergunta é por que essa 6 entrada superior na HLT? notei na sua foto que ela está ligada a bomba de saida da HLT, vc circula essa água?

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  4. Oi Bassani,
    O objetivo da entrada de água sobre o HLT é recircular a água mesmo. Como o HLT serve tanto como água para lavagem como para aquecer o mosto através da serpentina, a recirculação constante da água evita que haja pontos com temperaturas diferentes no tanque. Sem recircular a água, teria que contar apenas com a convecção para igualação da temperatura, o que é pouco eficiente em volumes maiores (é por isso que alguns preferem construir um recipiente pequeno apenas para aquecer a serpentina). Outra razão para esta entrada superior, é que na hora da lavagem, eu apenas tiro essa (6) e coloco no lugar da entrada no meu mash-tun. Resumindo, para lavar, eu paro as bombas e apenas troco duas mangueiras de lugar. A água que circulava no HLT agora vai para cima do mash-tun, e a mangueira que circulava o mosto, vai para a panela de fervura. Simples assim!
    Espero ter esclarecido.
    Abraço
    Rodrigo

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  5. Olá Rodrigo, muito obrigado pela resposta!
    Vou lhe importunar mais um pouco, com qual água você inicia a brassagem? Pergunto isso seguindo a lógica que o HLT está com 40 litros de água quente para garantir que a serpentina esteja na temperatura correta para as rampas e recirculação. Mas quando você adiciona o malte ao mash-tun ele já esta com água na temperatura correta, como essa água é aquecida? Imagino que você esquente no HLT e transfira para a 2ª panela mas aí o tempo para reaquecer a água para a serpentina como fica? Você começa a recirculação logo que coloca os maltes?
    Desculpe tantas perguntas, é que achei seu projeto fantástico e se permite vou tentar copia-lo.

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    1. Bassani, eu já fiz vários testes e atualmente a forma que eu achei ideal para trabalhar com o meu equipamento é a seguinte.
      Eu encho o HLT (+- 45litros) e programo a temperatura para 75graus. Ele vai levar uns 40 minutos para chegar nessa temperatura. Enquanto está esquentando o HLT eu coloco água no Mashtun (+- 25 litros). Aí eu faço o priming das bombas e deixo tudo pronto para começar a recirculação da água.
      No meu equipamento eu tenho uma diferença constante de 2 graus entre a temperatura do HLT e do MashTun, então eu sempre tenho que programar 2graus a mais no termostato (isso vai depender de cada equipamento).
      Enquanto isso eu vou tomar um café ou vou arrumar alguma coisa que está faltando para a brassagem.
      A lógica que eu sigo é a seguinte. Eu "guardo" temperatura no HLT e uso na medida do necessário. Ligar a bomba de recirculação é a mesma coisa de ligar o fogareiro, entendeu?
      Quando a temperatura do HLT chega em uns 60graus eu começo a circular a água do Mashtun e paro de recircular quando a água atinge a temperatura que eu desejo. Só aí é que eu vou colocar os grãos.
      Eu costumo fazer uma parada na faixa dos 40/45 e depois vou para os 65 e em seguida para 72, e depois para o mash-out.
      Resumindo:
      1) Circulo a água do mashtun até 40graus - paro a circulação e coloco os grãos. Corrijo a temperatura recirculando o quanto for necessário.
      2) Espero 15 minutos
      3) Recirculo até chegar em 65 e paro a recirculação (30 min)
      4) Recirculo até em 72 e deixo circulando (neste ponto as temperaturas se estabilizam).
      5) aumento a temperatura da resistência para 80graus e deixo o mosto circulando até chegar em 75 para fazer o mash-out.
      6) Troco as mangueiras e começo a coleta e lavagem do mosto.

      As minhas brassagens neste equipamento tem durado cerca de 4 horas, com mais 1 hora para lavar e guardar tudo, eu não passo de 5 horas para deixar a cerveja no fermentador e o equipamento lavado.

      Fique à vontade para tirar as dúvidas.
      Abraço
      Rodrigo

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  6. Boa tarde! Muito bom sue blog, suas explanações são claras e objetivas, parabéns.
    Verifiquei que utiliza um chiller de 1/2" para recirculação do mosto. No entanto a grande maioria utiliza chiller de 3/8". Saberia informar qual a diferença entre estas duas bitolas no processo de brassagem?

    Att.:
    Marcelo Buzetti

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  7. Sou de brasilia tbm, estou procurando por barril pra fazer panela tbm, vc ainda tem o contato? Obrigado.

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    1. Pô Alex, eu não tenho mais o contato desse lugar onde comprei os meus. Era uma oficina que dava manutenção em chopeiras e que ficava num daqueles polos de desenvolvimento (área de oficinas) na subida de Taguatinda, do outro lado do Riacho Fundo. Não sei se o lugar ainda existe e também não sei nem se consigo encontrar o lugar outra vez. Se quiser arriscar, dá uma rodada na área perto de um hipermercado que fica ali naquela subida. Acho que é por ali, nas ruas de trás.
      A galera daqui de Brasília tem comprado os barris pela internet, no mercado livre.
      Abraço
      Rodrigo

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  8. Rodrigo... estou montando um HERMS bem parecido com o seu, mas automatizado, acho q vc vai gostar de ver e dar umas dicas finais. Segue meu contato ugo@grupoitamaraty.com.br, lhe respondo com o projeto! Abs

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  9. Boa noite sou de Brasília DF. E queria seu email acabei de fazer o curso e preciso montar meus equipamentos poderia me da uma consultoria
    Grato e no aguardo. Meu email é fabiano.silva2011@gmail.com

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  10. Amigo qual a função da segunda bomba ligada ao tanque de água quente?

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  11. Amigo qual a função da segunda bomba ligada ao tanque de água quente?

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  12. Amigo, quantos litros de mosto e produto final se consegue com esses barris de 50 litros? Obrigado. Belo equipamento.

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  13. Boa tarde,....!!!!!

    Qual o custo deste equipamento e dos processos, achei interessante?!?!!??

    Um abraço,
    Kaique

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  14. Boa tarde.
    Muito bom seu equipamento. Parabens.
    Podia detalhar melhor como tu fazes a lavagem dos grans?
    Abraços.

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